Escolástica, irmã gémea de S. Bento, nasceu em Núrsia, na Umbria (Itália), por volta do ano 480, da nobre família dos Anici. Enquanto o irmão foi cursar direito, em Roma, Escolástica consagrou-se a Deus, desde a infância e permaneceu junto dos pais.Bento abandonou Roma e os estudos e retirou-se para a solidão de Subiaco, fazendo uma vida de eremita e preparando-se para compor o que seria a primeira Regra da vida monástica no Ocidente. Juntou numerosos seguidores e fundou o Mosteiro de Monte Cassino, que seria o pólo da cultura europeia ou ocidental.Da única fonte histórica, os capítulos 33 e 34 do segundo livro dos «Diálogos», de S. Gregório Magno, embora ampliada pela lenda, podemos deduzir que Escolástica seguiu o irmão na fundação do Mosteiro de Monte Cassino e ela própria, próximo do Mosteiro onde o irmão era Abade, fundou também o primeiro Mosteiro do ramo feminino da Ordem Beneditina, Ela copiou, com as devidas adaptações, a Regra de S. Bento, expressa nesta máxima: «Ora et Labora» (Reza e Trabalha).Por isso, combinaram que uma vez por ano se encontrariam numa casa modesta a meio dos dois mosteiros, passando o dia a rezar e a conversar sobre as realidades espirituais. Mas, ao entardecer, cada um regressava ao seu mosteiro. No ano 543, Escolástica, no encontro anual com o irmão pediu-lhe para «ficar com ele toda a noite a falarem sobre as alegrias da vida eterna» Perante a recusa do irmão que dizia «não poder passar a noite fora da sua cela», Escolástica «pousou sobre a mesa as mãos com os dedos entrelaçados, inclinou a cabeça sobre elas e implorou o Senhor. Quando levantou a cabeça da mesa rebentou uma grande tempestade, que nem Bento nem os irmãos que com ele se encontravam podiam pensar em sair do lugar onde estavam reunidos. (…) Bento que não queria ficar ali espontaneamente, teve de ficar contra a vontade. E assim passaram toda a noite em vigília, animando-se um aos outro com santos colóquios sobre a vida espiritual». Foi o último encontro. «Três dias mais tarde, Bento viu a alma da sua irmã , liberta do corpo, em figura de pomba, dar entrada no interior da morada celeste».Este episódio que vem narrado no referido livro dos «Diálogos» de S. Gregório e que faz parte do Ofício de Leituras para este dia, sempre foi muito apreciado pelos místicos.

Padre Ângelo Valadão

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