Segundo uma antiquíssima tradição da Igreja, hoje e amanhã (1º e 2º dias do Tríduo Pascal), não se celebra a Eucaristia. As celebrações reduzem-se hoje à Liturgia das Horas e à celebração da Paixão do Senhor, por volta das três horas da tarde.

No séc. II a Páscoa anual começou a ser celebrada apenas com dois dias de jejum (Sexta-feira Santa e Sábado Santo) que preparavam catecúmenos e cristãos para a celebração da Vigília Pascal. A partir do século IV e, sobretudo por influência da Igreja de Jerusalém, foram-se introduzindo a pouco e pouco as outras celebrações do Tríduo Pascal da Morte, Sepultura e Ressurreição do Senhor.

Hoje, por volta das três horas da tarde, em que segundo os relatos evangélicos, Cristo «entregou o Seu Espírito», os cristãos reúnem-se para celebrar a Paixão do Senhor.

A celebração realiza-se segundo o modelo romano das celebrações da Palavra. A entrada é feita em silêncio e com a prostração do presidente da assembleia.

A 1ª Parte é a Liturgia da Palavra, com as leituras bíblicas do Cântico do «Servo Sofredor de Yavé», da 2ª parte do Livro de Isaías, a leitura da Carta ao Hebreus e culmina na narrativa da Paixão segundo o Evangelista João. Esta primeira parte termina com as solenes orações universais.

A 2ª Parte é a adoração da Cruz, um rito trazido para a Igreja latina, a partir da Igreja de Jerusalém. É muito significativo, porque a Cruz é apresentada como o troféu glorioso de Cristo: «Eis o madeiro da Cruz, no qual esteve suspenso o Salvador do mundo». A Cruz domina a celebração deste dia.

A 3ª parte é a Comunhão Eucarística, reservada desde a Ceia do Senhor, para ser recebida neste dia, como a melhor forma de participarmos nos frutos da Morte do Senhor.

Não se trata de uma celebração fúnebre, não estamos a velar um morto. Toda a celebração aponta já para o triunfo da Vigília Pascal, como podemos ver nesta bênção final sobre toda a assembleia: «Derramai, Senhor, a vossa bênção sobre este povo que celebrou a morte do Vosso Filho, na esperança da Sua Ressurreição…»

Esta celebração da Paixão do Senhor realizar-se-á na Sé de Angra pelas 15.00h.

Padre Ângelo Valadão