A liturgia do trigésimo domingo comum propõe-nos uma reflexão sobre a forma como Deus exerce a Sua justiça. A justiça de Deus não ignora o sofrimento dos pobres, dos mais fracos, daqueles que nem sempre obtém justiça nos tribunais dos homens. 

Na primeira leitura um sábio judeu do séc. II a.C. lembra aos seus concidadãos – impressionados pela arrogância dos conquistadores gregos e pelo brilho da cultura helénica – que Deus não faz aceção de pessoas: Ele escuta as súplicas dos desprezados e faz justiça às vítimas dos poderosos. 

No Evangelho Jesus, conta uma parábola “para alguns que se consideravam justos e desprezavam os outros”. Colocando frente a frente a figura de um fariseu de vida exemplar e de um publicano de vida mais do que duvidosa, Jesus tira uma conclusão desconcertante: de nada valem as “boas obras” do “justo” que, convencido dos seus méritos, se apresenta diante de Deus e dos irmãos com orgulho e arrogância; Deus prefere o pecador que, humildemente, reconhece a sua indignidade e se dispõe a abraçar a salvação que lhe é oferecida.

A segunda leitura propõe-nos o testemunho do apóstolo Paulo na fase final da sua vida: apesar de todas as contrariedades e vicissitudes que teve de enfrentar por causa da sua fidelidade a Jesus e ao Evangelho, Paulo manteve-se fiel e coerente: combateu o bom combate e guardou a fé. Resta-lhe agora confiar em Deus e entregar-se nas suas mãos. 

LEITURA I – Ben Sirá 35,15b-17.20-22a

O Senhor é um juiz

que não faz aceção de pessoas.

Não favorece ninguém em prejuízo do pobre

e atende a prece do oprimido.

Não despreza a súplica do órfão

nem os gemidos da viúva.

Quem adora a Deus será bem acolhido

e a sua prece sobe até às nuvens.

A oração do humilde atravessa as nuvens

e não descansa enquanto não chega ao seu destino.

Não desiste, até que o Altíssimo o atenda,

para estabelecer o direito dos justos e fazer justiça.

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 33 (34)

Refrão: O pobre clamou e o Senhor ouviu a sua voz.

A toda a hora bendirei o Senhor,

o seu louvor estará sempre na minha boca.

A minha alma gloria-se no Senhor:

escutem e alegrem-se os humildes.

A face do Senhor volta-se contra os que fazem o mal,

para apagar da terra a sua memória.

Os justos clamaram e o Senhor os ouviu,

livrou-os de todas as angústias.

 O Senhor está perto dos que têm o coração atribulado

e salva os de ânimo abatido.

O Senhor defende a vida dos seus servos,

não serão castigados os que n’Ele confiam.

LEITURA II – 2 Timóteo 4,6-8.16-18

Caríssimo:

Eu já estou oferecido em libação

e o tempo da minha partida está iminente.

Combati o bom combate,

terminei a minha carreira,

guardei a fé.

E agora já me está preparada a coroa da justiça,

que o Senhor, justo juiz, me há de dar naquele dia;

e não só a mim, mas a todos aqueles

que tiverem esperado com amor a sua vinda.

Na minha primeira defesa, ninguém esteve a meu lado:

todos me abandonaram.

Queira Deus que esta falta não lhes seja imputada.

O Senhor esteve a meu lado e deu-me força,

para que, por meu intermédio,

a mensagem do Evangelho fosse plenamente proclamada

e todas as nações a ouvissem;

e eu fui libertado da boca do leão.

O Senhor me livrará de todo o mal

e me dará a salvação no seu reino celeste.

Glória a Ele pelos séculos dos séculos. Amen.

ALELUIA – 2 Coríntios 5,9

Deus estava em Cristo reconciliando o mundo consigo

e confiou-nos a palavra da reconciliação.

EVANGELHO – Lucas 18,9-14

Naquele tempo,

Jesus disse a seguinte parábola

para alguns que se consideravam justos e desprezavam os outros:

«Dois homens subiram ao templo para orar;

um era fariseu e o outro publicano.

O fariseu, de pé, orava assim:

‘Meu Deus, dou-Vos graças

por não ser como os outros homens,

que são ladrões, injustos e adúlteros,

nem como este publicano.

Jejuo duas vezes por semana

e pago o dízimo de todos os meus rendimentos’.

O publicano ficou a distância

e nem sequer se atrevia a erguer os olhos ao Céu;

Mas batia no peito e dizia:

‘Meu Deus, tende compaixão de mim,

que sou pecador’.

Eu vos digo que este desceu justificado para sua casa

e o outro não.

Porque todo aquele que se exalta será humilhado

e quem se humilha será exaltado».

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