Humanizar e cuidar! Sempre. Perante a doença cada um tem as suas defesas, mas precisa sobretudo de respostas. Quantos doentes nos deixam desarmados pela espiritualidade que os anima, mesmo quando conhecem a gravidade das situações: “Jesus também sofreu”!
Na simplicidade do leproso e de qualquer doente como ele, brota a força confiante da fé, de que Deus não abandona o pobre, o doente, o carente, o só. Mas, na experiência de certa forma desconstruídora que a doença provoca, muitas vezes não basta a fé, é preciso alguém que torne Deus presente, que seja palavra e gesto que cuida e cura. Quem não tiver uma espiritualidade que dê respostas à doença e à morte, tem muitas dificuldades em olhar mais além e fazer ver para lá do mero “todos temos que morrer”.
Cuidar é não deixar só, é olharmos juntos para o Amor Eterno de Deus que vamos encontrar em casa do Pai que nos cria e recria até estarmos prontos para Ele.
Como fazer? “Ide contar o que vistes e ouvistes”. “Contai o que vivestes” desafiava o Papa aos jovens depois da JMJ em Lisboa! “Não podemos deixar de falar de tudo quanto vimos e ouvimos!” (At 4,20) diziam os apóstolos a quem os queria impedir de pregar. Ou o conselho de Paulo que gostaríamos de o poder fazer nosso: “Sede meus imitadores, como eu o sou de Cristo”.
Hoje é também o Dia do Cabido Catedralício da Sé de S. Salvador de Angra. Constituídos em Colégio e escolhidos de entre os padres para serem um corpo unido e saudável dentro do Presbitério, têm “o dever de celebrar as funções litúrgicas mais solenes na igreja catedral” como salienta o Cerimonial dos bispos e ser “co-responsáveis na missão pastoral de evangelizar, ensinar e santificar ao mesmo tempo que promover o espírito fraterno entre irmãos no sacerdócio” como dizem os Estatutos recentemente renovados no seu artigo 2.
Dizíamos que somos hoje convidados a cuidar sempre as relações que curam. Os tempos que correm podem trazer perturbações aos relacionamentos em presbitério e até provocar doenças graves. Somos humanos e ao Cabido peço este empenhamento na promoção do espírito fraterno entre os membros do cabido de modo a transbordar para todos os padres do presbitério, especialmente os feridos ou cansados. Que sejais também especialistas no acolhimento, na formação espiritual e humana, bem como no acompanhamento de todo o povo de Deus no seu caminho o Pai.
Agradeço a Deus a vossa disponibilidade, rezo por vós e convido todo o Povo de Deus a fazer o mesmo.
Que Nossa Senhora de Lurdes vos dê saúde e seja mediadora das graças que cada um necessita para que, na unidade do presbitério, possamos juntos zelar para que, nesta catedral e em toda a Diocese, seja sempre louvado o Nosso Senhor Jesus Cristo.
+ Armando, Bispo de Angra