Como é que Deus vê as desigualdades gritantes que fazem sofrer tantos dos seus filhos? O que é que Deus acha daqueles que se instalam numa vida de bem-estar e não querem saber da sorte dos seus irmãos? Os textos que a liturgia deste dia nos convida a escutar procuram responder a estas questões. 

Na primeira leitura, o profeta Amós denuncia violentamente o egoísmo dos ricos e poderosos, agarrados a uma vida de luxo e esbanjamento, indiferentes à sorte dos pequenos e dos pobres. 

No Evangelho Jesus, através da parábola do rico e do pobre Lázaro, diz-nos que é uma má opção assentar a própria vida sobre o dinheiro, o bem-estar, o conforto, os interesses egoístas. Quem se preocupa apenas em gozar a vida e fica indiferente ao sofrimento dos irmãos, falha completamente o sentido da existência. 

A segunda leitura, num registo um pouco diferente das outras duas leituras deste dia, apresenta a “fotografia” do “homem de Deus”. O “homem de Deus” está em contraste total com o homem egoísta, apegado aos bens materiais, ambicioso e injusto de que falam as outras duas leituras. 

LEITURA I – Amós 6,1a.4-7

Eis o que diz o Senhor omnipotente:

«Ai daqueles que vivem comodamente em Sião

e dos que se sentem tranquilos no monte da Samaria.

Deitados em leitos de marfim, estendidos nos seus divãs,

comem os cordeiros do rebanho e os vitelos do estábulo.

Improvisam ao som da lira

e cantam como David as suas próprias melodias.

Bebem o vinho em grandes taças e perfumam-se com finos unguentos,

mas não os aflige a ruína de José.

Por isso, agora partirão para o exílio à frente dos deportados

e acabará esse bando de voluptuosos».

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 145 (146)

Ó minha alma, louva o Senhor.

O Senhor faz justiça aos oprimidos,

dá pão aos que têm fome

e a liberdade aos cativos.

O Senhor ilumina os olhos dos cegos,

o Senhor levanta os abatidos,

o Senhor ama os justos.

O Senhor protege os peregrinos,

ampara o órfão e a viúva

e entrava o caminho aos pecadores.

O Senhor reina eternamente.

O teu Deus, ó Sião,

é Rei por todas as gerações.

LEITURA II – 1 Timóteo 6,11-16

Caríssimo:

Tu, homem de Deus, pratica a justiça e a piedade,

a fé e a caridade, a perseverança e a mansidão.

Combate o bom combate da fé,

conquista a vida eterna, para a qual foste chamado

e sobre a qual fizeste tão bela profissão de fé perante numerosas testemunhas.

Ordeno-te na presença de Deus,

que dá a vida a todas as coisas, e de Cristo Jesus,

que deu testemunho da verdade diante de Pôncio Pilatos:

guarda este mandamento sem mancha e acima de toda a censura,

até à aparição de Nosso Senhor Jesus Cristo,

a qual manifestará a seu tempo o venturoso e único soberano,

Rei dos reis e Senhor dos senhores,

o único que possui a imortalidade e habita uma luz inacessível,

que nenhum homem viu nem pode ver.

A Ele a honra e o poder eterno. Amen.

EVANGELHO – Lucas 16,19-31

Naquele tempo,

disse Jesus aos fariseus:

«Havia um homem rico, que se vestia de púrpura e linho fino

e se banqueteava esplendidamente todos os dias.

Um pobre, chamado Lázaro,

jazia junto do seu portão, coberto de chagas.

Bem desejava saciar-se do que caía da mesa do rico,

mas até os cães vinham lamber-lhe as chagas.

Ora sucedeu que o pobre morreu e foi colocado pelos Anjos ao lado de Abraão.

Morreu também o rico e foi sepultado.

Na mansão dos mortos, estando em tormentos,

levantou os olhos e viu Abraão com Lázaro a seu lado.

Então ergueu a voz e disse:

‘Pai Abraão, tem compaixão de mim.

Envia Lázaro, para que molhe em água a ponta do dedo e me refresque a língua,

porque estou atormentado nestas chamas’.

Abraão respondeu-lhe:

‘Filho, lembra-te que recebeste os teus bens em vida

e Lázaro apenas os males.

Por isso, agora ele encontra-se aqui consolado, enquanto tu és atormentado.

Além disso, há entre nós e vós um grande abismo,

de modo que se alguém quisesse passar daqui para junto de vós,

ou daí para junto de nós, não poderia fazê-lo’.

O rico insistiu:

‘Então peço-te, ó pai, que mandes Lázaro à minha casa paterna

– pois tenho cinco irmãos – para que os previna,

a fim de que não venham também para este lugar de tormento’.

Disse-lhe Abraão:

‘Eles têm Moisés e os Profetas. Que os oiçam’.

Mas ele insistiu:

‘Não, pai Abraão. Se algum dos mortos for ter com eles, arrepender-se-ão’.

Abraão respondeu-lhe:

‘Se não dão ouvidos a Moisés nem aos Profetas,

mesmo que alguém ressuscite dos mortos, não se convencerão’.

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