Que valores devem servir de base ao nosso projeto de vida? Que escolhas devemos fazer para que a nossa vida não seja desperdiçada? A liturgia deste vigésimo quinto domingo comum convida-nos a refletir sobre estas questões…
A primeira leitura traz-nos a palavra de Amós, o profeta da justiça social. Dirigindo-se aos comerciantes sem escrúpulos, apostados em “espezinhar os pobres” e em “eliminar os humildes da terra”, Amós avisa: “Deus não esquecerá nenhuma das vossas obras”.
No Evangelho, Jesus conta uma parábola sobre um administrador astuto, que percebeu quais eram os valores em que valia a pena apostar. Numa altura em que a sua vida tinha chegado a uma encruzilhada, propôs-se prescindir de um lucro imediato e precário, para garantir uma recompensa duradoura e consistente. A aposta nos bens materiais nunca será, segundo Jesus, uma aposta que dê pleno sentido à vida do homem.
Na segunda leitura, o autor da primeira Carta a Timóteo convida os crentes a sentirem-se irmãos de todos os homens, sem exceção. Todos temos por Pai o mesmo Deus, todos fomos redimidos pelo mesmo Cristo Jesus. Essa solidariedade que devemos ter uns com os outros deve, inclusive, transparecer no nosso diálogo com Deus, na nossa oração.
LEITURA I – Amós 8,4-7
Escutai bem, vós que espezinhais o pobre
e quereis eliminar os humildes da terra.
Vós dizeis: «Quando passará a lua nova,
para podermos vender o nosso grão?
Quando chegará o fim de sábado,
para podermos abrir os celeiros de trigo?
Faremos a medida mais pequena,
aumentaremos o preço, arranjaremos balanças falsas.
Compraremos os necessitados por dinheiro
e os indigentes por um par de sandálias.
Venderemos até as cascas do nosso trigo».
Mas o Senhor jurou pela glória de Jacob:
«Nunca esquecerei nenhuma das suas obras».
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 112 (113)
Louvai o Senhor, que levanta os fracos.
Louvai, servos do Senhor,
louvai o nome do Senhor.
Bendito seja o nome do Senhor,
agora e para sempre.
O Senhor domina sobre todos os povos,
a sua glória está acima dos céus.
Quem se compara ao Senhor nosso Deus, que tem o seu trono nas alturas
e Se inclina lá do alto a olhar o céu e a terra.
Levanta do pó o indigente
e tira o pobre da miséria,
para o fazer sentar com os grandes,
com os grandes do seu povo.
LEITURA II – 1 Timóteo 2,1-8
Caríssimo:
Recomendo, antes de tudo,
que se façam preces, orações, súplicas e ações de graças
por todos os homens, pelos reis e por todas as autoridades,
para que possamos levar uma vida tranquila e pacífica, com toda a piedade e dignidade.
Isto é bom e agradável aos olhos de Deus, nosso Salvador;
Ele quer que todos os homens se salvem
e cheguem ao conhecimento da verdade.
Há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens,
o homem Jesus Cristo, que Se entregou à morte pela redenção de todos.
Tal é o testemunho que foi dado a seu tempo
e do qual fui constituído arauto e apóstolo
– digo a verdade, não minto –
mestre dos gentios na fé e na verdade.
Quero, portanto, que os homens rezem em toda a parte,
erguendo para o Céu as mãos santas, sem ira nem contenda.
EVANGELHO – Lucas 16,1-13
Naquele tempo,
disse Jesus aos seus discípulos:
«Um homem rico tinha um administrador,
que foi denunciado por andar a desperdiçar os seus bens.
Mandou chamá-lo e disse-lhe:
‘Que é isto que ouço dizer de ti?
Presta contas da tua administração,
porque já não podes continuar a administrar’.
O administrador disse consigo:
‘Que hei de fazer, agora que o meu senhor me vai tirar a administração?
Para cavar não tenho força, de mendigar tenho vergonha.
Já sei o que hei de fazer, para que, ao ser despedido da administração,
alguém me receba em sua casa’.
Mandou chamar um por um os devedores do seu senhor e disse ao primeiro:
‘Quanto deves ao meu senhor?’.
Ele respondeu: ‘Cem talhas de azeite’.
O administrador disse-lhe:
‘Toma a tua conta: senta-te depressa e escreve cinquenta’.
A seguir disse a outro: ‘E tu quanto deves?’.
Ele respondeu: ‘Cem medidas de trigo’.
Disse-lhe o administrador:
‘Toma a tua conta e escreve oitenta’.
E o senhor elogiou o administrador desonesto, por ter procedido com esperteza.
De facto, os filhos deste mundo são mais espertos do que os filhos da luz,
no trato com os seus semelhantes.
Ora Eu digo-vos:
Arranjai amigos com o vil dinheiro, para que, quando este vier a faltar,
eles vos recebam nas moradas eternas.
Quem é fiel nas coisas pequenas também é fiel nas grandes;
e quem é injusto nas coisas pequenas também é injusto nas grandes.
Se não fostes fiéis no que se refere ao vil dinheiro,
quem vos confiará o verdadeiro bem?
E se não fostes fiéis no bem alheio, quem vos entregará o que é vosso?
Nenhum servo pode servir a dois senhores,
porque, ou não gosta de um deles e estima o outro,
ou se dedica a um e despreza o outro.
Não podeis servir a Deus e ao dinheiro».