Nas leituras que a liturgia deste domingo nos propõe sobressai a temática do “caminho”: O que devemos fazer e que precauções devemos tomar para não nos desviarmos e falharmos o alvo? Quem nos conduzirá e nos apontará a direção certa?

Na primeira leitura, um “sábio” de Israel reflete sobre as limitações que são inerentes à nossa condição de seres humanos. Ele acredita que a única forma de chegarmos à vida verdadeira é acolhermos a “sabedoria” de Deus e deixarmo-nos guiar por ela. 

No Evangelho, Jesus traça as coordenadas do “caminho do discípulo”. Quem se dispõe a percorrer esse caminho, deve caminhar de olhos postos em Jesus e no Reino de Deus. Não pode deixar-se distrair, nem pelas pessoas, nem pela preocupação dos bens materiais, nem pelos seus projetos e interesses pessoais. Quem embarca na aventura do Reino de Deus tem de fazê-lo sem reticências, sem condições, com total empenho e compromisso.

Na segunda leitura, a partir da história de Onésimo, o escravo fugitivo, São Paulo lembra-nos que o amor é o foco fundamental que ilumina o caminho que os discípulos de Jesus percorrem na história. É o amor que nos permite descobrir a igualdade de todos os homens, filhos do mesmo Pai e irmãos em Cristo. 

LEITURA I – Sabedoria 9,13-18

Qual o homem que pode conhecer os desígnios de Deus?
Quem pode sondar as intenções do Senhor?
Os pensamentos dos mortais são mesquinhos e inseguras as nossas reflexões,
porque o corpo corruptível deprime a alma
e a morada terrestre oprime o espírito que pensa.
Mal podemos compreender o que está sobre a terra
e com dificuldade encontramos o que temos ao alcance da mão.
Quem poderá então descobrir o que há nos céus?
Quem poderá conhecer, Senhor, os vossos desígnios,
se Vós não lhe dais a sabedoria e não lhe enviais o vosso espírito santo?
Deste modo foi corrigido o procedimento dos que estão em terra,
os homens aprenderam as coisas que Vos agradam e pela sabedoria foram salvos.

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 89 (90)

Refrão: Senhor, tendes sido o nosso refúgio através das gerações.

Vós reduzis o homem ao pó da terra
e dizeis: «Voltai, filhos de Adão».
Mil anos a vossos olhos são como o dia de ontem que passou
e como uma vigília da noite.

Vós os arrebatais como um sonho,
como a erva que de manhã reverdece;
de manhã floresce e viceja,
à tarde ela murcha e seca.

Ensinai-nos a contar os nossos dias,
para chegarmos à sabedoria do coração.
Voltai, Senhor! Até quando…
Tende piedade dos vossos servos.

Saciai-nos desde a manhã com a vossa bondade,
para nos alegrarmos e exultarmos todos os dias.
Desça sobre nós a graça do Senhor nosso Deus.
Confirmai, Senhor, a obra das nossas mãos.

LEITURA II – Filémon 9b-10.12-17

Caríssimo:
Eu, Paulo, prisioneiro por amor de Cristo Jesus,
rogo-te por este meu filho, Onésimo, que eu gerei na prisão.
Mando-o de volta para ti, como se fosse o meu próprio coração.
Quisera conservá-lo junto de mim,
para que me servisse, em teu lugar,
enquanto estou preso por causa do Evangelho.
Mas, sem o teu consentimento, nada quis fazer,
para que a tua boa ação não parecesse forçada, mas feita de livre vontade.
Talvez ele se tenha afastado de ti durante algum tempo,
a fim de o recuperares para sempre,
não já como escravo, mas muito melhor do que escravo:
como irmão muito querido.
É isto que ele é para mim e muito mais para ti, não só pela natureza,
mas também aos olhos do Senhor.
Se me consideras teu amigo, recebe-o como a mim próprio.

EVANGELHO – Lucas 14,25-33

Naquele tempo,
seguia Jesus uma grande multidão.
Jesus voltou-Se e disse-lhes:
«Se alguém vem ter comigo,
sem Me preferir ao pai, à mãe,
à esposa, aos filhos, aos irmãos, às irmãs e até à própria vida,
não pode ser meu discípulo.
Quem não toma a sua cruz para Me seguir,
não pode ser meu discípulo.
Quem de entre vós, que, desejando construir uma torre,
Não se senta primeiro a calcular a despesa,
para ver se tem com que terminá-la?
Não suceda que, depois de assentar os alicerces,
se mostre incapaz de a concluir
e todos os que olharem comecem a fazer troça, dizendo:
‘Esse homem começou a edificar,
mas não foi capaz de concluir’.
E qual é o rei que parte para a guerra contra outro rei
e não se senta primeiro a considerar
se é capaz de se opor, com dez mil soldados,
àquele que vem contra com ele com vinte mil?
Aliás, enquanto o outro ainda está longe,
manda-lhe uma delegação a pedir as condições de paz.
Assim, quem de entre vós não renunciar a todos os seus bens,
não pode ser meu discípulo».

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