A memória litúrgica do martírio da adolescente Inês, pois teria doze ou treze anos quando foi martirizada, é atestada pelo calendário romano mais antigo «Depositio Martyrum», em 354.
Santo Ambrósio no seu «Tratado sobre as Virgens» (séc. IV) tornou-se o primeiro historiador da mártir, oferecendo-nos os traços da sua biografia em termos líricos, comprazendo-se mais em antíteses do que em pormenores históricos: «(…) Em corpo tão pequeno haveria sequer espaço para os sofrimentos? Mas aquela que quase não tinha tamanho para ser ferida pela espada, teve forças para vencer a espada. (…) Ainda não apta para o sofrimento e já madura para a vitória, mal pode combater e facilmente triunfa: dá uma lição de fortaleza, apesar de tão tenra idade. (…) Todos choram, só ela não tem lágrimas. Todos se admiram de que tão generosamente entregue a sua vida quem ainda não a começara a gozar, como se já a tivesse vivido plenamente. (…)Tendes numa única vítima dois martírios, o da pureza e o da fé. Permaneceu virgem e foi mártir».
Inês foi martirizada na Via Numentana, com vários tormentos, acabando por ser decapitada, vítima da sua fidelidade a Cristo a quem tomara com esposo, recusando o casamento com Fúlvio, filho do então prefeito de Roma, durante o governo do imperador Diocleciano, em meados do séc III, ou princípio do séc IV.
Inês é considerada uma das mais ilustres mártires da Igreja de Roma, tendo merecido ser inscrita no Cânon Romano (actual Anáfora I). A imperatriz Constância, filha do imperador Constantino, levantou uma magnífica basílica no local onde a mártir Inês foi sepultada, a «Basílica de Santa Inês Fora dos Muros».
O seu nome tem origem grega «hagnes», que significa «pura». Como a pronúncia desta palavra tem semelhança com a palavra latina «agnus», que quer dizer «cordeiro», o nome ficou associado também a este significado. Por isso há uma tradição já muito antiga que é a entrega do «pálio» aos Metropolitas, feita pelo Papa. Esses pálios são confecionados com a lã de dois cordeiros que todos os anos são benzidos no dia 21 de Janeiro, na Basílica de Santa Inês e oferecidos ao Papa, com essa finalidade.
Padre Ângelo Valadão