No 3º dia da Oitava do Natal, a Igreja celebra a festa litúrgica dos Santos Inocentes. Começou por ser uma festa celebrada apenas nas Igrejas Orientais, mas em Roma ela surgiu, somente, no século V.
Esta festa está baseada no relato evangélico de Mateus, 2, 13-18, que apresenta a matança das crianças de Belém, a mandato do cruel rei Herodes, na procura de entre elas estar o Menino Jesus, que nascera em Belém. No fundo é o cumprimento da profecia de Jeremias 31, 15: «Ouviu-se uma voz em Ramá, lamentos e gemidos sem fim: Raquel chora os seus filhos e não quer ser consolada, porque eles já não existem».
A Liturgia Eucarística e a Liturgia das Horas, próprias deste dia, sublinham que os Santos Inocentes glorificaram a Deus, não com palavras, mas com o seu sangue. Eles foram sacrificados como primícias do martírio do único Santo Inocente, Jesus Cristo.
A atualidade desta festa é-nos oferecida no Ofício de Leituras, da Liturgia das Horas, num texto do Bispo de Cartago, Quodvultdeus (séc. V): «Maravilhoso dom da graça! Que méritos tinham aquelas crianças para obterem tal triunfo? Ainda não falam e já confessam a Cristo. Ainda não podem mover os seus membros para travar batalha e já alcançam a palma da vitória».
Padre Ângelo Valadão