No caminho para Jerusalém, Jesus apresenta aos seus discípulos um percurso difícil. Perante este cenário só lhes resta afirmar: Aumentai a nossa fé! Cantamos no Salmo: Hoje se escutardes a voz do Senhor não fecheis os vossos corações. Aí está a atitude autêntica permite esse crescimento. Jesus responde-lhes: “se tivésseis fé como um grão de mostarda, diríeis a esta amoreira “arranca-te daí e vai plantar-te no mar. Mas deve plantar-se… onde? Em Cristo, esta é a sua radicalidade, a adesão determinada, daquele que se abre totalmente aos compassos do Espírito Santo.

Por isso, o Senhor em seguida conta a parábola do senhor cruel, que chama de inúteis os seus servos. Não para se apresentar como um juiz impiedoso, mas para que a nossa fé se fundamente num vínculo desinteressado. Identificamo-nos com o servo que trabalha com amor, empenho e humildade. Aí não há espaço para a religião dos méritos, para o desejo de recompensa divina, em que surge a tentação de atribuir às minhas obras a salvação. Essa salvação é dom gratuito de Deus, e a recompensa está no amor. Sentir-se servo inútil é simplesmente abandonar-se totalmente, deixar-se depender do Senhor, deixar-se conduzir por Ele. Como afirmava São Bernardo, “amo porque amo e a recompensa está em amar”. Como um pai ou uma mãe que sentem a alegria de dar, simplesmente porque amam, sem esperar recompensa.

O servo do evangelho não se presta à admiração pública. Prefere, depois de se ter colocado silenciosamente à disposição, conceder-se o precioso prémio da inutilidade. 

Precisamos urgentemente de servos inúteis, se se quer que a vinha do Senhor se cultive e não simplesmente que se ilustre. Não precisamos de projetos grandiosos e obras espetaculares, mas de servos que se dobram diante do irmão, com um sorriso de quem conhece o Seu Senhor!

LEITURA I – Hab 1,2-3; 2,2-4

Leitura da Profecia de Habacuc

«Até quando, Senhor, chamarei por Vós
e não Me ouvis?
Até quando clamarei contra a violência
e não me enviais a salvação?
Porque me deixais ver a iniquidade
e contemplar a injustiça?
Diante de mim está a opressão e a violência,
levantam-se contendas e reina a discórdia?»
O Senhor respondeu-me:
«Põe por escrito esta visão
e grava-as em tábuas com toda a clareza,
de modo que a possam ler facilmente.
Embora esta visão só se realize na devida altura,
ela há-de cumprir-se com certeza e não falhará.
Se parece demorar, deves esperá-la,
porque ela há-de vir e não tardará.
Vede como sucumbe aquele que não tem alma recta;
mas o justo viverá pela sua fidelidade».

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 94 (95)

Refrão: Se hoje ouvirdes a voz do Senhor, não fecheis os vossos corações.

Vinde, exultemos de alegria no Senhor,
aclamemos a Deus, nosso Salvador.
Vamos à sua presença e dêmos graças,
ao som de cânticos aclamemos o Senhor.

Vinde, prostremo-nos em terra,
adoremos o Senhor que nos criou.
O Senhor é o nosso Deus
e nós o seu povo, as ovelhas do seu rebanho.

Quem dera ouvísseis hoje a sua voz:
«Não endureçais os vossos corações,
como em Meriba, como no dia de Massa no deserto,
onde vossos pais Me tentaram e provocaram,
apesar de terem visto as minhas obras».

LEITURA II – 2 Tim 1,6-8.13-14

Leitura da Segunda Epístola do apóstolo São Paulo a Timóteo

Caríssimo:
Exorto-te a que reanimes o dom de Deus
que recebeste pela imposição das minhas mãos.
Deus não nos deu um espírito de timidez,
mas de fortaleza, de caridade e moderação.
Não te envergonhes de dar testemunho de Nosso Senhor,
nem te envergonhes de mim, seu prisioneiro.
Mas sofre comigo pelo Evangelho,
confiando no poder de Deus.
Toma como norma as sãs palavras que me ouviste,
segundo a fé e a caridade que temos em Jesus Cristo.
Guarda a boa doutrina que nos foi confiada,
com o auxílio do Espírito Santo, que habita em nós.

EVANGEHO – LUCAS 17,5-10

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas

Naquele tempo,
os Apóstolos disseram ao Senhor:
«Aumenta a nossa fé».
O Senhor respondeu:
«Se tivésseis fé como um grão de mostarda,
diríeis a esta amoreira:
‘Arranca-te daí e vai plantar-te no mar’,
e ela obedecer-vos-ia.
Quem de vós, tendo um servo a lavrar ou a guardar gado,
lhe dirá quando ele volta do campo:
‘Vem depressa sentar-te à mesa’?
Não lhe dirá antes:
‘Prepara-me o jantar e cinge-te para me servires,
até que eu tenha comido e bebido.
Depois comerás e beberás tu.
Terá de agradecer ao servo por lhe ter feito o que mandou?
Assim também vós,
quando tiverdes feito tudo o que vos foi ordenado, dizei:
‘Somos inúteis servos:
fizemos o que devíamos fazer’».

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