A Palavra de Deus que a liturgia nos propõe neste segundo domingo comum utiliza a metáfora do “casamento” para descrever a relação de amor e de comunhão entre Deus e o seu Povo. Inclui um veemente convite a entrarmos nessa história de amor que Deus se dispõe a construir connosco. Na primeira leitura um profeta anónimo fala a Jerusalém – a cidade triste e em ruínas que as tropas babilónicas destruíram e queimaram – e garante-lhe que Deus a ama com um amor sem fim. O amor de Deus irá regenerar Jerusalém, recriando-a e transformando-a numa “noiva” encantadora e resplandecente. Iluminada pelo amor, a cidade-esposa de Deus encherá de orgulho e de alegria o coração do seu marido. No Evangelho Jesus, no cenário da festa de casamento de um jovem casal de Caná da Galileia, apresenta o programa que se propõe concretizar: trazer o “vinho bom”, o “vinho” da alegria e do amor, à relação entre Deus e os homens. Da ação de Jesus – das suas palavras, dos seus gestos, do seu amor até ao extremo – nascerá a comunidade da nova “aliança”, a comunidade que vive no amor a Deus e que se dispõe a dar testemunho desse amor no mundo. Na segunda leitura, Paulo lembra aos cristãos de Corinto que os “carismas”, enquanto sinais do amor de Deus, se destinam ao bem de todos. Não podem servir para uso exclusivo de alguns, nem podem ser fator de divisão e de tensão comunitária. Na partilha comunitária dos dons de Deus manifesta-se o amor que une o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
LEITURA I – Isaías 62,1-5
Por amor de Sião não me calarei,
por amor de Jerusalém não terei repouso,
enquanto a sua justiça não despontar como a aurora
e a sua salvação não resplandecer como facho ardente.
Os povos hão de ver a tua justiça e todos os reis a tua glória.
Receberás um nome novo, que a boca do Senhor designará.
Serás coroa esplendorosa nas mãos do Senhor,
diadema real nas mãos do teu Deus.
Não mais te chamarão «Abandonada», nem à tua terra «Deserta»,
mas hão de chamar-te «Predileta» e à tua terra «Desposada»,
porque serás a predileta do Senhor e a tua terra terá um esposo.
Tal como o jovem desposa uma virgem, o teu Construtor te desposará;
e como a esposa é a alegria do marido, tu serás a alegria do teu Deus.
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 95 (96)
Refrão: Anunciai em todos os povos as maravilhas do Senhor.
Cantai ao Senhor um cântico novo,
cantai ao Senhor, terra inteira,
cantai ao Senhor, bendizei o seu nome.
Anunciai dia a dia a sua salvação,
publicai entre as nações a sua glória,
em todos os povos as suas maravilhas.
Dai, ó Senhor, ó família dos povos,
dai ao Senhor glória e poder,
dai ao Senhor a glória do seu nome.
Adorai o senhor com ornamentos sagrados,
trema diante d’Ele a terra inteira;
dizei entre as nações: «O Senhor é Rei»,
governa os povos com equidade.
LEITURA II – 1 Coríntios 12,4-11
Irmãos:
Há diversidade de dons espirituais, mas o Espírito é o mesmo.
Há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo.
Há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que realiza tudo em todos.
Em cada um se manifestam os dons do Espírito para o bem comum.
A um o Espírito dá a mensagem da sabedoria,
a outro a mensagem da ciência, segundo o mesmo Espírito.
É um só e o mesmo Espírito que dá a um o dom da fé, a outro o poder de curar;
a um dá o poder de fazer milagres, a outro o de falar em nome de Deus;
a um dá o discernimento dos espíritos, a outro o de falar diversas línguas,
a outro o dom de as interpretar.
Mas é um só e o mesmo Espírito que faz tudo isto,
distribuindo os dons a cada um conforme Lhe agrada.
ALELUIA – cf. 2 Tes 2,14
Deus chamou-nos, por meio do Evangelho,
a tomar parte na glória de Nosso Senhor Jesus Cristo.
EVANGELHO – João 2,1-11
Naquele tempo,
realizou-se um casamento em Caná da Galileia e estava lá a Mãe de Jesus.
Jesus e os seus discípulos
foram também convidados para o casamento.
A certa altura faltou o vinho.
Então a Mãe de Jesus disse-Lhe: «Não têm vinho».
Jesus respondeu-Lhe: «Mulher, que temos nós com isso?
Ainda não chegou a minha hora».
Sua Mãe disse aos serventes:
«Fazei tudo o que Ele vos disser».
Havia ali seis talhas de pedra, destinadas à purificação dos judeus,
levando cada uma de duas a três medidas.
Disse-lhes Jesus: «Enchei essas talhas de água».
Eles encheram-nas até acima.
Depois disse-lhes: «Tirai agora e levai ao chefe de mesa».
E eles levaram.
Quando o chefe de mesa provou a água transformada em vinho,
– ele não sabia de onde viera, pois só os serventes, que tinham tirado a água, sabiam –
chamou o noivo e disse-lhe:
«Toda a gente serve primeiro o vinho bom
e, depois de os convidados terem bebido bem, serve o inferior.
Mas tu guardaste o vinho bom até agora».
Foi assim que, em Caná da Galileia,
Jesus deu início aos seus milagres.
Manifestou a sua glória e os discípulos acreditaram n’Ele.